domingo, 12 de setembro de 2010

sábado, 5 de dezembro de 2009

COM UM "CHEIRINHO" A EDMUNDO DE AMICIS

Bem veridíca esta, foi mais uma daquelas vivida nas minhas andanças de Setúbal.
Era um miúdo bem pobre, limpinho, e sempre com a roupa lavada e passajada vezes sem conta. Como aluno era uma pequena e enfezada alma que por mais que se esforçasse não ía mais além, de quem os outros maldosamente faziam chacota por ser pobre.
Nessa tarde estava terrivelmente constipado e fungava vezes sem conta, o que para mim sempre foi um som enervante.Não me contive e perguntei-lhe se não tinha um lenço para se assoar. De olhos baixos abanou a cabeça.
Encaminhei-me até à carteira dele, meti a mão à algibeira, tirei um lenço limpo que nessa manhã e como de costume havia borrifado com uns jactos de perfume e entreguei-lho sem uma palavra para alívio comum.
Dias depois e com o ar assustado de sempre, abordou-me com um lenço na mão que reconheci como sendo o meu. Antes que eu falasse, ouvi-o e até hoje:
- Obrigada pelo lenço Stôra. A minha Mãe lavou-o e passou-o a ferro. Só não tem é cheirinho!

UMA TERNURA CHAMADA "CORAÇÃO"

Era um livrinho da biblioteca de turma que eu li pela primeira vez aos 11 anos.
Chamava-se " Coração", o autor era Edmundo de Amicis, em que me deixei levar por todas aquelas personagens que adorei e algumas detestei.
Contudo e sem que sem que me apercebesse foram-me dadas lições de humanidade, patriotismo, amizade, tolerância, perseverança, humildade e até maldade, entre outras coisas.
Reli-o mais algumas vezes e gradualmente fui-o filtrando na minha tentativa de construção de ser humano. Mantive umas e arrumei outras.
Sem querer ser pretenciosa, o legado maior é aquele que mantive e não aquele que arrumei!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

DESTA VEZ AJUDOU-ME LUIS DE CAMÕES

Faço um esforço de memória e tento precisar quando foi. Muito honestamente já não consigo recordar se foi nos finais dos anos 70 ou princípios dos 80. Uma coisa é certa - tratou-se duma falta de bacalhau. Lembro-me que as pessoas faziam filas ou não fôssemos nós Portugueses. E ainda hoje adoramos as duas coisas! Adiante...
Folheava eu a poesia lírica de Camões, quando me caíu nas mãos aquilo que eu safadamente converti no desespero pela perda, dum verdadeiro amante dos prazeres da mesa. E a coisa deu nisto:

Bacalhau meu gentil, que te sumiste
tão cedo deste Portugal, descontente,
repousa lá na Terra Nova eternamente
e viva eu cá na mesa sempre triste.

Se lá no mar gelado, onde imergiste,
memória deste aroma se consente,
não te esqueças daquele apetite ardente,
que já nos beiços meus tão forte viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a fome que me ficou
do vazio, sem remédio, de perder-te,

roga a Neptuno, que teus anos encurtou
que tão cedo de cá me leve a comer-te,
quão cedo de meus repastos te levou.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

TROCADILHO BOMBÁSTICO!

Esta é mais uma daquelas passada em Setúbal na Escola Secundária da Bela Vista.
Numa das minhas turmas do 7º ano de Iniciação falava eu do "h mudo" a propósito dos artigos. A minha juvenil plateia olhava toda para mim com cara de ponto de interrogação.
O "Cabeças", genuíno filho de Setúbal,que raras vezes dizia uma certa, diz-me naquele arranhado e inesquecível sotaque:
-" O h mudo, stôrra? Que é isso stôrra do h mudo?".
-"Aquele que não se ouve!".
Vi-o então encolher os ombros como se duvidasse de mim e sai-lhe o trocadilho que de imediato me arrancou uma gargalhada:
-" Orra, mas a bomba H ouve-se e ouve-se bem, não é, stôrra?"

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SOU UMA ALPINISTA ASSUMIDA E CONFIRMADA PELO AMOR DA MINHA MÃE

Primeiro foram os livrinhos de pano contados, recontados, lavados e relavados. Seguiu-se uma história em quadradinhos da colcha da minha cama sobre um guarda redes azelha, contada e recontada vezes sem conta.
Por volta dos 7 anos começaram a chegar os primeiros livros à séria e gradualmente foi crescendo e desenvolvendo um Amor muito sério!
Tenho neste momento 48 anos com muitos livros meus lidos e que orgulhosamente forram prateleiras da minha casa e outros que vivem na minha memória, emprestados por familiares e amigos.
É em todos eles que vivo e sobrevivo sem nunca me fartar da iguaria. Cometo até a ousadia de dizer que eles concedessem longevidade eu seria eterna!
Este Natal, a minha Mãe (figura tutelar neste Amor) que fomentou e tem assistido ao meu alpinismo assumido, resolveu amorosamente confirmá-lo com um escadote lindissímo de biblioteca.
Um chilião de Tudo para Ela!
Minha foto
Almada, Portugal
Leitora compulsiva,Amiga do meu Amigo,conversadora,dou tudo por uma boa gargalhada,teimosa por vezes até à burrice,gosto de animais (tenho um gato) e admiradora incondicional da Arrábida e das Berlengas.